PORTO & DOURO WINE TASTING SÃO PAULO 2018

No último dia 12 de abril de 2018, no Hotel Intercontinental, realizou-se a Prova Anual dos Vinhos do Douro e do Porto em São Paulo, que contou com a presença de importantes vinícolas da região demarcada do Douro. No evento destinado a profissionais e aberto ao público previamente inscrito, rótulos conhecidos do público foram degustados ao lado de novos lançamentos. Houve a realização da prova comentada “A Diversidade de Estilos e Categorias do Vinho do Porto, conduzida serenamente por Alexandre Lalas, jornalista e crítico que vem se firmando como uma opinião importante sobre vinhos portugueses em geral e também por Carlos Soares, do IDVP (criado em 10.04.1933).

Considerações sobre o Douro –

Tiles (azulejos) at railway station of Pinhao, Douro Valley, Portugal

A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados:

Churchill’s White Port Dry Aperitif – Álcool: 19% – Variedades: Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho – Preço: R$ 189 (500 ml) – vinho envelhecido dez anos na vinícola, o que se nota pela cor ouro velho brilhante intenso. Simplesmente inebriante nos aromas de frutas secas – nozes, castanhas e amêndoas com ampla sustentação na taça. O paladar subscreve integralmente o olfato, mas aqui o refinamento, a delicadeza e a elegância dão o tom. Leve, sedoso, macio e de acidez vibrante, este Porto White é daqueles vinhos que não precisam de nenhum acompanhamento porque promove uma verdadeira festa para os nossos sentidos. Um vinho grandioso, raro, para não ser desperdiçado, mas sim para ser desfrutado a cada gole! Avaliação: 92/100 pts.

Ferreira “Dona Antonia” Reserva Tawny Port – Variedades: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca e Tinta Amarela – Álcool: 20% – Preço: R$ 180 – Vermelho-rubi intenso com reflexo granada bem definido. Aromas complexos com predomínio das notas de frutas secas e em compota, amêndoas sobre um fundo especiado. No paladar revelou taninos macios, equilíbrio entre doçura, álcool, acidez e madeira (média de 4 anos em grandes tonéis de carvalho). Tem boa complexidade, é sedoso, fácil de beber e bem típico.  Terminou medianamente persistente. Avaliação: 90/100 pts.

Ceremony Porto LBV 2011 – Variedades: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz – Álcool: 20% – cor viva, escura e concentrada. Rico nos aromas: notas de chocolate, compota e frutas secas. No paladar taninos elegantes, firmes, uma ponta de álcool (20%), num conjunto que não deixa de ser equilibrado, fresco e marcado pela leveza, delicioso! Um LBV de excelente tipicidade. Avaliação: 91-92/100 pts.+

Ramos Pinto Porto LBV 2011 – Álcool: 19,5% – Preço: R$ 191,34 – retinto e aberto nos aromas que revela notas de café e alguma resina. Depois de algum tempo um toque de frutas vermelhas. No paladar subimos um degrau com taninos presentes, álcool sobrando e um leve toque picante que lhe dá personalidade, sem ficar devendo em complexidade. É um LBV exemplar de uma das mais respeitadas casas de vinho do Porto. Aliás, seu fim de boca longo e confirma sua tipicidade. Avaliação: 91/100 pts.

Royal Oporto Tawny 10 anos – Álcool: 20% –  Preço: R$ 198,31 – a cor é vermelho-rubi com borda alaranjada com ligeira opacidade. Aromas dignos de um “ten years” com notas resinosas, ameixas secas tudo bem integrado. Tem potência e concentração e por não ser filtrado irá apresentar evolução favorável na garrafa. Termina com boa persistência e um longo retrogosto. Avaliação: 92/100 pts.+

Porto Vista Alegre Tawny 30 anosVariedades: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Barroca e Tinto Cão – Álcool: 20% – este Porto é simplesmente uma singularidade. Seduz logo na cor intensa de matiz castanho brilhante com discreta turbidez. Sua paleta de aromas é digna de um Tawny 30 anos com notas nozes, castanhas, licor de amêndoas, fruta seca e fruta passa com larga sustentação na taça. Refinado/delicado na boca, esplendidamente fresco, multifacetado, cheio de sabores e nuances. Extremamente sedoso e ao mesmo tempo crocante, escorregadio e pleno de generosidade gustativa. Seu estilo permite que seja consumido sem qualquer acompanhamento. Untuoso e de final prolongado, bem perto do infinito… Avaliação: 95/100 pts.++

Porto & Douro SP 2018 –

CONCLUSÃO

Escrever de vinho do Porto é dissertar sobre um dos tesouros de Portugal e, sem dúvida nenhuma, de um dos melhores vinhos do mundo.  O jornalista Alexandre Lalas como é da sua característica, explicou com clareza que esse vinho tem sua hierarquia própria, que vai do rubi ao vintage, passando pelo LBV e Tawnies com indicação de idade. Também observou que Portugal é o décimo produtor de vinhos do mundo – vinhos DOP Porto e IGP Duriense. O Porto é o único vinho que é submetido a uma “câmara de provadores” que analisa a parte sensorial. O Brasil é o terceiro maior mercado para os vinhos do Douro, atrás apenas do Canadá e de Portugal. Nessa região, existe inclinação de até quarenta graus. Para Alexandre Lalas, o vinho é “um sobrevivente no mar de xisto num clima inclemente”. O terroir se caracteriza pelo solo xistoso, quebradiço, a permitir boa drenagem ensejando às plantas a tão importante água necessária para refrescar o calor dos verões tórridos e secos. Os invernos são rigorosos. A produtividade é pequena e na região existe uma verdadeira barreira fúngica. A região está dividida em três sub-regiões: Baixo Corgo, Corgo e Douro Superior. Na primeira a influência atlântica se faz notar; chove muito e os vinhos são leves e frescos; na segunda o ph é baixo e a acidez dos vinhos é elevada. É apontada por alguns como a melhor das três sub-regiões. Finalmente, na sub-região do Douro Superior, verificamos que o solo é granítico, pedregoso marcado por arbustos a lembrar um deserto. Os microclimas também são diversos: vinhas perto dos rio são mais quentes ao passo que as vinhas situadas em localizações mais elevadas são mais frescas. Solo xistoso com ilhas de granito. O vinho do Porto Vintage normalmente conjuga  perfeitamente potência e concentração. Pisa à pé: um lagar tem tamanho de 4 x 4 metros e a uva é pisada sem esmagamento do caroço, o que resulta num vinho ausente de amargor. Há lagares robóticos ou até pés de silicone, mas nenhum deles supere qualitativamente a pisa à pé para extração do líquido/suco da uva. A arte dos blends: diferentes anos, diferentes envelhecimentos, diferentes quintas, diferentes terrenos dentro de uma mesma propriedade e, finalmente, diferentes vasilhas de madeira. Por fim, Lalas destacou que as tendências de consumo do vinho estão em constante mutação e que poucas pessoas estão dispostas a esperar que o vinho amadureça/envelheça mas que por possuir uma hierarquia própria, sempre haverá um vinho disponível para cada ocasião.

Sabores da Terra da Calábria em São Paulo - 2019
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Category: Eventos

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